sábado, 16 de janeiro de 2010

Variação sazonal do Barroso

O gráfico apresentado reflecte a dinâmica e flutuação sazonal do núcleo populacional do Barroso, numa área tipicamente de reprodução.

Pela observação do gráfico podemos verificar que existem dois períodos perfeitamente definidos: 1) época de reprodução; 2) época de invernada. O bando de invernada aumenta progressivamente a partir de Setembro/Outubro, primeiro com os casais reprodutores residentes (5-6 em 2008 e 4-5 em 2009), seguindo-se os grupos familiares, depois grupos familiares integrados nos bandos de não reprodutores e finalmente os bandos de não reprodutores mais os juvenis do ano e os reprodutores.

O rápido desaparecimento da maioria das aves não reprodutoras do bando que ocorre em Março/Abril, causa uma diminuição do tamanho do bando e aumenta o número de contactos com casais isolados, originando assim uma nova fase de estabilização do número de efectivos reprodutores.

Muito se tem discutido sobre as razões para estas variações sazonais dos bandos de Pyrrhocorrax pyrrhocorax, uma das razões mais mencionada na bibliografia é a disponibilidade e distribuição de alimento, outra razão e que a meu ver é a mais plausível, visto esta ser uma área de reprodução, tem haver com os hábitos reprodutores típicos destas aves. O aumento do número de indivíduos após a época de criação parece ter vantagens, nomeadamente na vigilância das crias, aprendizagem e alimentação. Com o aumento dos bandos, o tempo dedicado individualmente à vigilância diminui, e consequentemente aumenta o tempo de alimentação individual, assim como o grau de vigilância geral. A formação de bandos pode facilitar a aprendizagem de novas técnicas de alimentação e a utilização de fontes alimentares alternativas.



domingo, 20 de dezembro de 2009

Umas dicas


Muito embora as gralhas-de-bico-vermelho, possam passar desapercebidas, em especial quando estão a alimentar-se, normalmente em zonas de queimadas (que podem ajudar na sua dissimulação), pastagens naturais ou zonas rupícolas, a sua identificação é relativamente fácil, esta espécie é um Corvideo de plumagem completamente preta de tamanho médio-grande, mede cerca de 39-40cm, tem uma envergadura alar de 73-90cm e pesa entre 230 e 390g. Possui um bico vermelho intenso, comprido e curvado característico desta espécie.

O voo das Pyrrhocorax pyrrhocorax é muito característico, já que realiza frequentemente voos (vídeo de Francisco Barros - PNSAC ) picados e um grande número de acrobacias e piruetas, acompanhados frequentemente por chamamentos inconfundíveis.

Mais vídeos aqui

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Foi-se um amigo ficou a saudade

Foto de Jan Buys (Esquerda José Nascimento, direita Jan Piet Bekker)

“A lua eleva-se no horizonte gelado da Serra do Alvão. Um lobo aponta o focinho ao astro. E outro. E mais outro... A alcateia inteira uiva incessantemente, anunciando a despedida daquele que, durante anos e anos, foi seu companheiro e acérrimo defensor. Num dia solarengo centenas de insectos povoam os prados de montanha que ladeiam os rios e ribeiros serranos. Entre eles, o mais importante é um bicho pequeno, frágil, de um inigualável azul eléctrico, quatro asas oferecidas ao vento que passa, tromba metida no néctar das Ericas: é a Maculinea alcon, a borboleta mais ameaçada de Portugal. No próximo Verão estes bichos irão procurar-te avidamente por entre milhares de flores, linhas de água puríssima e rochas aquecidas pelo sol escaldante. No lugar onde te encontrares velarás pelos teus queridos lobos, pelas espécies em perigo e pela tua saudosa família e amigos” (Ernertino Maravalhas).


Não podia deixar de passar esta data sem homenagear a pessoa que me ensinou a olhar a natureza da maneira com a vejo.

Obrigado Zé


Paulo Barros