Decorria o ano de 1983 quando, a 8 de Junho, foi publicado o Decreto-Lei n.º 237/83 que criou o Parque Natural do Alvão (PNAlvão http://portal.icnb.pt/) Situado na parte Norte de Portugal, na província de Trás-os-Montes e Alto Douro, no distrito de Vila Real, o Parque reparte-se pelos concelhos de Vila Real e Mondim de Basto, com uma área total de
Do total das 177 espécies que ocorrem regularmente no PNAlvão, e de acordo com a Valoração das Espécies de Vertebrados, realizada para o Plano de Ordenamento do PNAlvão, Resolução do Conselho de Ministros nº 62/2008, de 7 de Abril, obtida pela valoração do estatuto de conservação, estatuto biogeográfico, sensibilidade e estatuto regional, a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), foi classificada como uma das três espécie mais valorizadas, conjuntamente com o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e a Toupeira-d’água (Galemys pyrenaicus).
Considerando a importância dos valores de flora e fauna e a fragilidade de determinados habitats de montanha e a ocorrência de espécies raras, ameaçadas e endémicas, onde se enquadrava a Pyrrhocorax pyrrhocorax, em 8 de Setembro de 1993 foi publicada a portaria n.º 834/93, que cria duas zonas de interdição à actividade cinegética: a Zona de Interdição à Caça (ZIC) Fisgas/Vale da Fervença e a ZIC dos Morros Graníticos de Arnal. Sendo este ultimo, o local onde se encontrava e continua a encontrar, a área vital do núcleo populacional de Pyrrhocorax pyrrhocorax do Alvão. Assim foi implementada, na prática, a primeira acção de conservação para esta espécie no PNAlvão.
Desde 1991 que esta espécie tem sido observada no PNAlvão, sendo que, existem apenas observações pontuais, à excepção de um estudo mais sistemático realizado por Nascimento em 1996. Ao longo destes últimos 16 anos têm sido observados comportamentos que indiciam reprodução, nomeadamente: parada nupcial e cópula (1994), arranjo do ninho (1995), vestígio de criação na cavidade (1996), parada nupcial (1998), permanências no ninho (2006) e vestígios de restos de cascas de ovo junto ao ninho (2007). No entanto nunca foram encontrados quaisquer referências à observação de juvenis desta espécie, independentemente de haver ou não criação. Um facto importante é a existência de ninhos em dois locais diferentes. De acordo com o estudo realizado por Pereira (2006), foram obtidas informações junto de um pastor que confirmou que a espécie sempre utilizou estes locais para nidificar, bem como o hábito dos rapazes da aldeia recolherem os juvenis que iam nascendo.
De modo a contrariar a possível pilhagem dos juvenis desta espécie, numa acção conjunta entre o PNAlvão e o Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA http://www.lea.web.pt/) da UTAD, foram desenvolvidos esforços no sentido de condicionar a acessibilidade a um dos locais de criação, através da colocação de um portão.
No decurso dos últimos trabalhos realizados sobre a Gralha-de-bico-vermelho na área do PNAlvão e outras áreas adjacentes (nomeadamente no Barroso), a falta de abrigos (de nidificação e de dormitório), através da sua degradação e/ou obstrução (pelo crescimento da vegetação) tem-se mostrado um dos factores, mais limitantes para a manutenção/crescimento da população desta espécie. Neste sentido, nos finais de 2007, o PNAlvão e o LEA, desenvolveram uma acção de limpeza da vegetação que obstruía dois cortes de exploração mineira abandonados, (numa área próxima mais ou menos
Com esta acção esperamos obter um aumento das condições de nidificação ou dormitório para a Gralha-de-bico-vermelho.
Paulo Barros
1 comentário:
Este blogue é muito interessante
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