terça-feira, 27 de maio de 2008
domingo, 25 de maio de 2008
As Gralhas-de-bico-vermelho também pousam em árvores
Para quem nunca viu uma Gralha-de-bico-vermelho numa árvore, aqui está !!!
For those who never saw a Chough on a tree, here is!!!!
Paulo Barros
domingo, 4 de maio de 2008
Os abrigos de Islay
De entre os naturais foi possível observar escarpas de afloramentos graníticos, e pequenas grutas junto ao mar provocadas pela erosão das ondas.
De entre as antrópicas foram observadas construções antigas, como palheiros, armazéns e bunkers, construções modernas como por exemplo um telheiro (construído em metal) para guardar silagem e fenos.
Por fim, foram ainda observados construções antrópicas construídas com a exclusiva finalidade de potenciar locais de domitório/nidificação para esta espécie. Estas, não são mais do que pequenos palheiros construídos em madeira com duas aberturas a meia altura (tipo janelas) e poisos no seu interior. De referir ainda que os resultados da ocupação destas construções tem sido bastante satisfatória, havendo registos de ocupação por parte de grupos não reprodutores e por casais reprodutores.
Fotos: Paulo Travassos e Maria Bogdanova
Paulo Barrosquinta-feira, 17 de abril de 2008
A situação em Portugal da Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax)
A Gralha-de-bico-vermelho é uma ave com uma estrutura social centrada em dormitórios comunitários, normalmente associados a zonas costeiras ou montanhosas; e encontra-se distribuída por uma vasta mas descontínua área desde a Europa, o Médio Oriente, a Ásia Central até ao Noroeste e o Nordeste de África. No entanto, por toda a sua área de distribuição, esta espécie tem vindo a sofrer uma tendência regressiva nos últimos dois séculos, culminando com a sua extinção em algumas regiões.
Os dados relativos à sua ocorrência e distribuição em Portugal, para a primeira metade do século XX encontram-se referidos por autores entre 1924 e 1945 os quais deixam transparecer que esta espécie poderia ser relativamente comum no território nacional. A partir de 1950 surge a indicação da existência de núcleos como Vila Nova de Mil Fontes, Cabo de S. Vicente e Ponta de Sagres, sem contudo serem apontadas estimativas para a população nacional até ao ano de 1978.
Embora por esta altura fosse reconhecida a preferência desta ave por encostas escarpadas em áreas de montanha, por alcantilados de rio ou por falésias na nossa costa, a situação da sua população neste tipo de biótopos era ainda mal conhecida. Com o desenvolvimento dos trabalhos referentes ao Atlas das Aves que Nidificam
Com o início da década de 90 do século passado surgem novos dados a partir de trabalhos regionais que permitem obter estimativas para áreas como Peneda-Gerês, Douro Internacional, Serras do Alvão e Marão, Serras de Aire e Candeeiros, Costa Sudoeste. Para além das áreas reconhecidas como de nidificação potencial para a espécie, surgem também referências de observação de indivíduos em Arrábida/Cabo Espichel, Alcochete (Tejo), Peninha/Sintra; Minas de Neves Corvo e Serra de Montesinho. Simultaneamente é registado o desaparecimento de núcleos na Serra do Marão e Idanha-a-Nova.
Núcleos reprodutores; Ocorrência regular; Observações pontuais
A redução do número de aves desta espécie, desde a década de 70 até à actualidade, tem vindo a reflectir-se nos locais de dormitório comunal assim como na ocorrência do número de casais reprodutores. A regressão generalizada deve-se, segundo a bibliografia, ao abandono e as alterações dos sistemas tradicionais e de pastoreio extensivo. Porém, alguns estudos apontam para mudanças do comportamento e a interrupção da reprodução, evidenciando que para haver sucesso reprodutor é necessário que se encontrem reunidas todas as condições favoráveis, desde a qualidade do habitat, a idade dos casais reprodutores até ao risco de predação e doença. A perturbação humana é também uma hipótese a considerar, atendendo à possibilidade de pilhagem de ninhos, escalada e trilhos de actividades ao ar livre.
De acordo com os requisitos desta espécie, poderá ser necessário: a criação de incentivos para a prática da pastorícia tradicional; o estímulo à implantação de sistemas de pastoreio em regime de estabulação livre e semi-estabulação, em particular do gado bovino; dificultar o acesso humano aos dormitórios de forma a evitar a perturbação, ordenamento das actividades públicas de acordo com os locais de nidificação, dormitórios comunitários; controlar a florestação nas áreas de habitat de alimentação; e integração dos requisitos ecológicos da espécie nos planos de ordenamento.
Para uma favorável conservação da Gralha-de-bico-vermelho em território nacional, de acordo com a bibliografia disponível, é urgente a criação de um Grupo de Trabalho sobre a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) de forma a realizar um censo à escala nacional para estimar a sua população, determinar a tipologia de dormitórios, compreender a flutuação anual do número de indivíduos no seio dos núcleos populacionais e determinação dos factores de ameaça à conservação da espécie.Só através de um esforço concertado se poderá desenvolver uma monitorização de parâmetros populacionais que permitam avaliar a distribuição e abundância desta espécie com vista a inverter a tendência regressiva no nosso país.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
O passado e o presente da Gralha-de-bico-vermelho no PNAlvão: Acções práticas de conservação
Decorria o ano de 1983 quando, a 8 de Junho, foi publicado o Decreto-Lei n.º 237/83 que criou o Parque Natural do Alvão (PNAlvão http://portal.icnb.pt/) Situado na parte Norte de Portugal, na província de Trás-os-Montes e Alto Douro, no distrito de Vila Real, o Parque reparte-se pelos concelhos de Vila Real e Mondim de Basto, com uma área total de
Do total das 177 espécies que ocorrem regularmente no PNAlvão, e de acordo com a Valoração das Espécies de Vertebrados, realizada para o Plano de Ordenamento do PNAlvão, Resolução do Conselho de Ministros nº 62/2008, de 7 de Abril, obtida pela valoração do estatuto de conservação, estatuto biogeográfico, sensibilidade e estatuto regional, a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), foi classificada como uma das três espécie mais valorizadas, conjuntamente com o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e a Toupeira-d’água (Galemys pyrenaicus).
Considerando a importância dos valores de flora e fauna e a fragilidade de determinados habitats de montanha e a ocorrência de espécies raras, ameaçadas e endémicas, onde se enquadrava a Pyrrhocorax pyrrhocorax, em 8 de Setembro de 1993 foi publicada a portaria n.º 834/93, que cria duas zonas de interdição à actividade cinegética: a Zona de Interdição à Caça (ZIC) Fisgas/Vale da Fervença e a ZIC dos Morros Graníticos de Arnal. Sendo este ultimo, o local onde se encontrava e continua a encontrar, a área vital do núcleo populacional de Pyrrhocorax pyrrhocorax do Alvão. Assim foi implementada, na prática, a primeira acção de conservação para esta espécie no PNAlvão.
Desde 1991 que esta espécie tem sido observada no PNAlvão, sendo que, existem apenas observações pontuais, à excepção de um estudo mais sistemático realizado por Nascimento em 1996. Ao longo destes últimos 16 anos têm sido observados comportamentos que indiciam reprodução, nomeadamente: parada nupcial e cópula (1994), arranjo do ninho (1995), vestígio de criação na cavidade (1996), parada nupcial (1998), permanências no ninho (2006) e vestígios de restos de cascas de ovo junto ao ninho (2007). No entanto nunca foram encontrados quaisquer referências à observação de juvenis desta espécie, independentemente de haver ou não criação. Um facto importante é a existência de ninhos em dois locais diferentes. De acordo com o estudo realizado por Pereira (2006), foram obtidas informações junto de um pastor que confirmou que a espécie sempre utilizou estes locais para nidificar, bem como o hábito dos rapazes da aldeia recolherem os juvenis que iam nascendo.
De modo a contrariar a possível pilhagem dos juvenis desta espécie, numa acção conjunta entre o PNAlvão e o Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA http://www.lea.web.pt/) da UTAD, foram desenvolvidos esforços no sentido de condicionar a acessibilidade a um dos locais de criação, através da colocação de um portão.
No decurso dos últimos trabalhos realizados sobre a Gralha-de-bico-vermelho na área do PNAlvão e outras áreas adjacentes (nomeadamente no Barroso), a falta de abrigos (de nidificação e de dormitório), através da sua degradação e/ou obstrução (pelo crescimento da vegetação) tem-se mostrado um dos factores, mais limitantes para a manutenção/crescimento da população desta espécie. Neste sentido, nos finais de 2007, o PNAlvão e o LEA, desenvolveram uma acção de limpeza da vegetação que obstruía dois cortes de exploração mineira abandonados, (numa área próxima mais ou menos
Com esta acção esperamos obter um aumento das condições de nidificação ou dormitório para a Gralha-de-bico-vermelho.
Paulo Barros
terça-feira, 8 de abril de 2008
Ecologia e Caracterização do Núcleo de Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) no Parque Natural do Alvão
O estudo das amostras de dejectos recolhidos nos dormitórios desta ave revelou a presença de insectos na sua dieta alimentar, dos quais se destacam os Aracnídeos (Aranhas), Coleópteros (Escaravelhos), Dípteros (Moscas) e Hymenopteros (Formigas) e ainda sementes de diferentes espécies de plantas.
Como conclusão deste estudo são propostas linhas de conservação e protecção, tais como:
- Criação de incentivos para a prática da pastorícia tradicional;
- Manter a prática da queima tradicional de matos;
- Estimular a manutenção do pastoreio tradicional de Inverno;
- Integração dos requisitos ecológicos da espécie nos planos de ordenamento;
- Controlar a florestação nas áreas de habitat de alimentação;
- Promover acções de sensibilização junto das populações locais sobre a importância que esta espécie tem como indicadora dum "ambiente de alta qualidade".
Carla Pereira